É muito comum ouvirmos as pessoas dizerem que são compulsivas por algo, ou que comeu compulsivamente em determinado dia.
A fim de esclarecer o que de fato é a compulsão, quis fazer este artigo, assim como mostrar a seriedade e a importância de um tratamento adequado.
Primeiro vou colocar aqui a definição de compulsão, segundo o DSM V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais):
- “Compulsões ou rituais compulsivos ou simplesmente rituais são comportamentos repetitivos ou atos mentais que a pessoa se sente compelida a executar para diminuir ou eliminar a ansiedade ou o desconforto associado às obsessões ou em virtude de regras que devem ser seguidas rigidamente”.
Essa definição já é bem explicativa e clara, e nos mostra um padrão de comportamento, mas vou discorrer o assunto.
O comportamento compulsivo ou aditivos (a objetos, substâncias ou atividades), são atitudes associadas a uma gratificação emocional. Realizar este comportamento gera um alívio da ansiedade e angústia, fazendo com que a pessoa o faça tantas vezes que vira hábito, muitas vezes até espontânea, e excessivamente, importante frisar.
Porém, esse “alívio” momentâneo que se sente, é substituído em seguida por mais ansiedade e angústia, somado a uma sensação de fracasso e frustração. O que não impede a pessoa que realizá-lo, infelizmente, já que precisa se livrar da ansiedade. Cria-se o ciclo vicioso no qual fica quase impossível da pessoa se livrar sozinha.
Como são expressas as compulsões?
Elas podem ser mentais: contar coisas que realiza ou vê, repetir determinadas palavras, falar frases em silêncio ou baixinho, criar argumentos mentais, substituir imagens e pensamentos. As motoras: lavar as mãos repetidas vezes, fazer atividades físicas excessivamente, verificar fechadura de porta, organização e simetria, regras, bater na madeira, estalar os dedos, tocar em algo, etc.
As compulsões também podem estar presentes como sintomas de outros transtornos psiquiátricos como: Comer compulsivo, Transtorno de Controle de Impulsos, Compulsões por Compras, Adição a Drogas e Álcool, Jogar Patológico.
Nestes casos não são apenas para eliminar uma ansiedade, mas também para obter satisfação, o que também é muito perigoso porque nosso cérebro sempre quer repetir aquilo que gerou prazer.
Nosso corpo possui um neurotransmissor chamado Dopamina. Ele é liberado a cada impressão positiva que vivenciamos, sendo responsável pela sensação de prazer.
No cérebro da pessoa compulsiva, é possível obter a mesma sensação de prazer liberada pela Dopamina, mas com algumas experiências ou substâncias, fazendo então com que a pessoa vicie neste comportamento, aumentando cada vez mais a frequência destes comportamentos.
Ainda não há um consenso sobre as causas da compulsão, mas é possível dizer que um ambiente vulnerável no qual a pessoa esteve ou está instalada, predisposições genéticas ou individuais, questões biológicas e mentais, são uma soma de possíveis causas.
É muito importante o diagnóstico e tratamento precoce da compulsão, pois essas pessoas costumam se colocar em situações de risco, e vulnerabilidade, trazendo consequências físicas e psicológicas sérias.
Não podemos deixar de pensar sobre o sofrimento psíquico que a família do compulsivo está exposta, pois além de ver um ente amado sofrendo e se “agredindo”, distanciando dos familiares, eles sofrem muitas vezes com grandes prejuízos financeiros também.
É possível afirmar que tanto na adição às drogas como nos outros comportamentos compulsivos, a falta destes comportamentos e substâncias geram os mesmos sintomas de taquicardia, sudorese, irritabilidade, entre outros.
O tratamento das compulsões deve ser acompanhado por psicólogo, psiquiatra e outros profissionais de acordo com cada transtorno. A psicoterapia mais adequada neste caso é Terapia Cognitivo Comportamental.
Na TCC, o tratamento consiste em: avaliação, psicoeducação, lista de sintomas, diário de sintomas obsessivo-compulsivos, exposição e prevenção de resposta, modelação, técnicas cognitivas, prevenção de recaída e alta.
Cada pessoa possui características individuais e necessidades específicas, procure sempre um psicólogo para avaliação e orientação do melhor tratamento para cada caso.
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